ABORTO SEM HIPOCRISIA |
Dados nos moatram que uma mulher morre a cada dois dias no Brasil vítima de aborto inseguro. A estimativa é da Organização Mundial da Saúde. Também é da OMS a informação de que o país faz, por ano, cerca de 1 milhão de procedimentos de interrupção da gravidez__ quase todos ilegais, ou seja, feitos ao arrepio da legislação, que aceita como legais apenas os casos de contracepção ditados por risco à vida da gestante, estupro e gestação de feto com anencefalia. Nos óbitos, a grande maioria é de mulheres das faixas mais baixas. Não há como adiar esta discussão é preciso envolvimento de toda sociedade já que se trata de um problema de saúde pública. Levantamento recente mostra que pelo menos 20% das brasileiras já se submeteram a aborto. Decorre que quem tem dinheiro para pagar o interrompimento da gravidez procura o procedimento seguro; quem não tem submete-se a intervenções de risco. Apesar dessas evidências, o tema tem estimulado radicalismo, irracionalismo e oportunismo político, em detrimento de uma discussão realista sobre que procedimento o país precisa adotar para enfrentar a questão. De um lado __ a despeito das tragédias familiares que a clandestinidade provoca e mesmo com a laiticidade do Estado __ grupos religiosos têm agido, nas diversas instâncias das decisões públicas, para evitar até mesmo o debate do assunto. De outro, o poder público, por conveniência política, se dobra às pressões.Temos assistido ações oficiais, mesmo as mais tímidas, não vingarem. O Ministério da Saúde havia determinado ao SUS que atendesse mulheres com complicações decorrentes de aborto. Em seguida, o governo federal, presionado por grupos evangélicos, voltou atrás e deixou o dito por não dito. Quantas mulheres ainda precisarão morrer para acabar com essa hipocrisia em relação ao aborto. Estamos de olho!!!
Professor JOÃO BIANCO
e-mail: j1946-bianco@bol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário